O Ministério Público da Bahia (MP-BA) implantou, nesta quinta-feira (19), no Município de Guanambi o projeto “Educação Inclusiva – Todas as escolas são para todos os alunos”. O lançamento do projeto ocorreu na sede da Câmara de Vereadores do Município e contou com a presença das promotoras de Justiça Cintia Guanaes, gerente do ‘Educação Inclusiva’, e Tatyane Miranda; além de profissionais da área de educação e servidores da Escola Municipal Enedina Costa de Macedo, que será a unidade piloto para a implantação do projeto. A programação do evento contou com palestras e oficinas ministradas pela equipe técnica do projeto, a psicomotricista Edinei Garzedin e a pedagoga do Centro de Apoio Operacional da Educação (Ceduc), Iracema Lemos.
Criado em 2014, o projeto ‘Educação Inclusiva: todas as escolas são para todos os alunos’ ganhou uma nova versão em 2023 e foi formatado com um passo a passo para orientar os promotores de Justiça em suas comarcas, que inclui etapas desde a instauração da portaria do procedimento administrativo, quando o promotor de Justiça deve oficiar as secretarias municipais de educação, saúde e assistência social para coleta de informações, até a elaboração de cursos de formação e aperfeiçoamento da equipe multidisciplinar de inclusão e dos professores. Atualmente, o ‘Educação Inclusiva’ está implementado em 17 municípios. O projeto propõe uma estratégia de inclusão de alunos com deficiência em três etapas, incluindo a sensibilização da comunidade escolar para a importância do tema da educação inclusiva; a criação de equipe multidisciplinar de inclusão e a formação dos professores para execução de anamnese, o PDI e avaliação devolutiva dos alunos com necessidades educacionais especiais; além da execução e acompanhamento dos instrumentos pedagógicos como anamnese, PDI e avaliação devolutiva.
Em Brumado, o Rotary Club está promovendo uma capacitação para monitores que irão atuar com crianças com necessidades especiais nas escolas públicas e privadas da cidade. Presidente da Comissão de Projetos Humanitários do Rotary, Acácia Gondim destacou que a iniciativa partiu da vontade da instituição de fazer algo em prol da sociedade, em especial pela educação. Ao site Achei Sudoeste, Gondim ressaltou que a ideia é contribuir para promoção de uma educação especial e inclusiva nas escolas. “É um projeto pensado com muito carinho e visão de trabalho”, pontuou. Formatador da proposta, Wallas Rabelo explicou que, embora seja uma pauta muito importante, falta essa formação de profissionais para atuarem junto às crianças com necessidades especiais nas unidades de ensino. “A inclusão ainda é vista de forma pejorativa e as pessoas não trabalham da maneira como devem trabalhar. O aluno com necessidades especiais continua invisível na sala de aula. Esse projeto busca promover essa formação para mostrar como trabalhar com essas crianças. Não adianta ter um profissional que não saiba lidar com a educação especial inclusiva”, destacou.
O Rotary Club promoveu uma capacitação para monitores que irão atuar com crianças com necessidades especiais nas escolas públicas e privadas da cidade de Brumado. Presente na formação, o secretário municipal de educação, João Nolasco, exaltou a iniciativa do Rotary. Ao site Achei Sudoeste, Nolasco agradeceu a entidade pela oportunidade de treinar os monitores para lidar com crianças com necessidades especiais no dia a dia da sala de aula. “Cada um tem seu diferencial e é muito importante ter essas pessoas treinadas”, afirmou. O secretário também defendeu uma educação inclusiva e igualitária para todos. “Crianças com necessidades especiais têm o mesmo direito de todos. Não é a deficiência deles que vai tirá-los da inclusão social”, destacou. A prefeitura lançou um edital com 80 vagas iniciais, mais formação de cadastro de reserva, para o cargo de monitor para alunos com necessidades especiais. Os profissionais devem ser convocados em breve.
Moradora da cidade de Brumado, Amanda Lima luta para que sua filha, que possui osteogênese imperfeita, doença hereditária conhecida como “ossos de vidro”, tenha acesso a uma educação inclusiva. Ao buscar uma vaga em instituições de ensino particular no município, Amanda encontrou obstáculos ao informar sobre a condição da criança. “Algumas escolas diziam ter vagas, mas, quando explicava a condição da minha filha, mudavam de posição, alegando falta de estrutura ou que a vaga não estava mais disponível”, relatou. A situação é ainda pior na rede pública municipal, onde a filha de Amanda está matriculada. Apesar de as aulas terem começado há dois meses, a prefeitura ainda não forneceu um cuidador para a criança, impossibilitando a sua frequência às aulas. “Minha filha precisa de um cuidador para auxiliá-la nas atividades cotidianas, como ir ao banheiro e se alimentar. Sem esse suporte, ela fica impossibilitada de participar das aulas e ter o mesmo aprendizado que os demais alunos”, lamentou. A falta de acesso à educação inclusiva é um problema que afeta diversas famílias em Brumado. Diante da negligência das autoridades, a mãe busca soluções e clama por medidas que assegurem que as crianças com condições especiais tenham direito à educação assim como as demais. “Precisamos de políticas públicas eficazes que assegurem o acesso universal à educação, independente das condições físicas ou de saúde dos estudantes. As crianças com necessidades especiais têm o direito de ter acesso à educação de qualidade em igualdade de condições com seus pares”, defendeu.
Aluna do 1º ano do curso técnico integrado de Edificações no Ifba, em Brumado, Yasmim Alexia Assunção Silva ganhou destaque durante a sua participação na Jornada Brasileira de Foguetes. Disputando com alunos de todo país, Yasmin conquistou o segundo lugar na competição. Ela é deficiente visual desde os cinco anos de idade. Ao site Achei Sudoeste, Yasmin disse que aprendeu a superar e conviver com a sua deficiência. “Hoje, me vejo como uma pessoa normal”, falou.
Natural de Tanhaçu, a aluna está fazendo um curso de braile no Ifba para aprimorar ainda mais os estudos. Com vários recursos à disposição, ela está satisfeita com a possibilidade de adquirir mais conhecimento. “Estou bastante feliz. Em três aulas já aprendi bastante coisa. Por enquanto, não estou tendo nenhuma dificuldade. Estou nas nuvens, o Ifba me recepcionou muito bem. Os professores são excelentes, toda organização também”, relatou. Para o futuro, Yasmin pretende ser engenheira mecatrônica ou doutora em astronomia. A professora Ivani Ferreira destacou que é muito importante as pessoas com deficiência serem incluídas na sociedade e terem à disposição ferramentas como o braile para conseguirem se desenvolver plenamente.