Estudo feito por pesquisadores da Fundação do Câncer aponta que o tabagismo responde por 80% das mortes por câncer de pulmão em homens e mulheres no Brasil. O trabalho foi apresentado nesta quinta-feira (16) pela fundação no 48º encontro do Group for Cancer Epidemiology and Registration in Latin Language Countries Annual Meeting (GRELL 2024, na sigla em inglês), na Suíça. Em entrevista à Agência Brasil, o epidemiologista Alfredo Scaff, consultor médico da Fundação do Câncer, disse que o estudo visa a apresentar para a sociedade dados que possibilitem ações de prevenção da doença. “O câncer de pulmão tem uma relação direta com o hábito do tabagismo. A gente pode dizer que, tecnicamente, é o responsável hoje pela grande maioria dos cânceres que a gente tem no mundo, e no Brasil, em particular”. O cigarro eletrônico causa uma doença pulmonar grave e aguda, denominada Evali, que pode levar a óbito, além de ter outro problema adicional: a bateria desse cigarro explode e tem causado queimaduras graves em muitos fumantes. O estudo indica que o câncer de pulmão representa gastos de cerca de R$ 9 bilhões por ano, que envolvem custos diretos com tratamento, perda de produtividade e cuidados com os pacientes. Já a indústria do tabaco cobre apenas 10% dos custos totais com todas as doenças relacionadas ao câncer de pulmão no Brasil, da ordem de R$ 125 bilhões anuais. Para este ano, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima o surgimento no Brasil de 14 mil casos em mulheres e 18 mil em homens. Dados mundiais da International Agency for Research on Cancer (IARC), analisados por pesquisadores da Fundação do Câncer, apontam que, se o padrão de comportamento do tabagismo se mantiver, haverá aumento de mais de 65% na incidência da doença e 74% na mortalidade por câncer de pulmão até 2040, em comparação com 2022. O trabalho revela também que muitos pacientes, quando procuram tratamento, já apresentam estágio avançado da doença. Isso ocorre tanto na população masculina (63,1%), como na feminina (63,9%). Esse padrão se repete em todas as regiões brasileiras.
Os males do tabagismo na saúde como um todo já são bem conhecidos e vêm guiando políticas públicas há alguns anos. Um novo estudo sobre o hábito de fumar em pacientes que tiveram câncer tem potencial para guiar ações associadas ao tratamento oncológico que podem melhorar em muito a qualidade de vida das pessoas. O estudo multicentrico, liderado por José Nolazco, médico urologista da Universidade de Harvard, aponta que a qualidade de vida dos sobreviventes de câncer tabagistas é pior, especialmente para quem permanece fumando após o tratamento. A pesquisa usou o banco de dados Behavioral Risk Factor Surveillance, incluindo os anos de 2016 e 2020. Em uma amostra de 39.578 pessoas, descobrimos que fumantes atuais têm uma qualidade de vida significativamente menor em comparação com não fumantes. E ex-fumantes também mostraram uma qualidade de vida inferior, embora menos acentuada. A pesquisa “Impact of Smoking Status on Health-related quality of life in Cancer Survivors” foi publicada em uma revista prestigiada no mundo, a Frontiers in Oncology, e foi resultado da parceria do Dana-Farber Cancer Institute, da Universidade de Harvard (EUA), e da Oncoclínicas&Co (Brasil). Cristiane Bergerot foi a única brasileira a assinar o artigo.
O tabagismo é um problema mundial de saúde pública que está relacionado ao surgimento de pelo menos 50 doenças, entre elas os cânceres urológicos, sendo a bexiga o órgão mais afetado. As informações são do jornal Tribuna da Bahia. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), 70% dos casos de câncer de bexiga estão associados ao fumo. O tabagismo também está associado aos cânceres de rim e pode afetar a saúde sexual masculina. No Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado no dia 29 de agosto, os especialistas alertam sobre os riscos que o cigarro traz para a saúde. Embora, o número de fumantes esteja em declínio no Brasil, a quantidade de usuários ainda preocupa. Dados mais recentes da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizada em 2019, apontam que entre a população brasileira com 18 anos ou mais de idade, a prevalência de usuários de produtos derivados de tabaco, fumado ou não fumado, de uso diário ou ocasional foi de 12,8%. Segundo o Inca, a estimativa é de 11.370 novos casos câncer de bexiga em 2023, sendo 7.870 casos em homens e 3.500 em mulheres. Para o estado da Bahia são estimados 550 novos casos da doença, atingindo 370 homens e 180 mulheres. De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), entre 2018 e 2023, 1.346 pessoas morreram de câncer de bexiga no estado. Desse total, 902 foram do sexo masculino e 444 do sexo feminino. É importante procurar com urgência um urologista em caso de manifestação de sintomas urinários para investigação da doença, para não ter o diagnóstico tardio e não aumentar a morbidade e mortalidade no câncer de bexiga. Alguns sintomas indicativos para esse tipo de câncer são sangue na urina (hematúria) que pode ser intermitente, sintomas de bexiga irritada (dor para urinar e aumento da frequência urinária, sensação de bexiga cheia).