Achei Sudoeste
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Moradores do Rio Grande do Sul registram 'chuva preta' com fumaça e poluição Foto: Reprodução/G1

Moradores de cidades da Região Sul do Rio Grande do Sul registraram o fenômeno da “chuva preta”. Os relatos são de cidades como Arroio Grande, São Lourenço do Sul, Pelotas e São José do Norte e a chuva teria acontecido na segunda-feira (9). Segundo o Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a fuligem da fumaça das queimadas se misturou com a chuva, gerando a cor preta. A meteorologista Josélia Pegorim, da Climatempo, afirma que o fenômeno também foi observado em cidades do norte do Uruguai, na fronteira com o RS. “A 'chuva preta' é o resultado da chuva normal, que está caindo das nuvens, mas que está passando por uma atmosfera muito carregada de fumaça”, explica. A previsão de chuva para os próximos dias pode provocar o fenômeno em outras partes do estado. “Durante esta quarta (11), quinta (12) e sexta-feira (13), com o deslocamento desta frente fria no Sul, nós vamos ter chuva. E com toda essa fumaça que está no Sul do Brasil, sim, nós poderemos ter a ocorrência de 'chuva preta' em vários locais dos três estados do Sul, inclusive em Porto Alegre, que está com muita fumaça”, afirma a meteorologista.

Seca causa recorde de queimadas e maior poluição do mundo Foto: Divulgação

A seca prolongada no Brasil, aliada à ação humana em ambientes fragilizados, provocou efeitos difusos, mas conectados por todo o país. As informações são do jornal o Globo. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 159.411 focos de incêndio de janeiro até ontem, um aumento de 100% em relação ao mesmo período de 2023 e que deixou 60% do país sob fumaça no fim de semana. A seca que ameaça grandes rios como o Madeira e o Paraguai também afetou a maior metrópole do país: o Pinheiros, que corta São Paulo, ficou verde por receber menos água dos seus afluentes. Com as cinzas das queimadas do Norte que mudaram a cor do céu, a capital paulista ficou entre as de pior qualidade do ar do país. Das queimadas registradas pelo Inpe este ano, metade foi na Amazônia, e 32%, no Cerrado. A proporção foi semelhante no ano passado no mesmo período (52% dos focos na Amazônia e 33% no Cerrado). O número de focos de fogo registrados até ontem está perto das 189 mil ocorrências em todo o 2023. Os três estados com mais incêndios neste ano também são os mesmos que em 2023: Mato Grosso, Pará e Amazonas. No ano passado, Pará era o estado com mais focos. Mas a dimensão do fogo aumentou. Em 2023, a Amazônia já havia sido afetada por uma grave seca. No período chuvoso em seguida, não houve precipitações suficientes para recuperar rios e florestas. A nova seca este ano está mais severa na maioria dos estados brasileiros. Mas para a pesquisadora do Inpe Luciana Gatti, a seca não é a principal culpada pela alta de queimadas, mas sim a ação criminosa em campo. “O governo deveria decretar estado de emergência climática no Brasil inteiro, proibir qualquer desmatamento e propor projetos enormes de reflorestamento. Um plano emergencial para sobrevivência da população”, recomenda. A fumaça das queimadas tomou grande parte do país, inclusive o Sul e o Sudeste, e se espalha por Peru, Colômbia e Equador, alerta o pesquisador de sensoriamento remoto Henrique Bernini. “Tem muita ocorrência ao mesmo tempo, queimando uma vegetação sob efeito de uma sequência de ondas de calor”, explica Bernini. “Esse tanto de fumaça é suficiente para tornar a Amazônia um dos lugares que mais contribui para as mudanças climáticas, enquanto deveria ser o lugar com maior potencial de reverter a situação”.

Pó amarelo da RHI Magnesita polui a Vila Presidente Vargas em Brumado Foto: Lay Amorim/Achei Sudoeste

Morador na Vila Presidente Vargas, na zona rural de Brumado, José Barbosa relatou que, no último final de semana, a RHI Magnesita teria lançado um pó amarelo sobre as casas e os carros na região. Ao site Achei Sudoeste, o morador disse que tudo ficou encoberto de pó. “Tá caindo tipo um pó amarelo. Foi um forno que deu problema e eles continuaram trabalhando. Disseram que iam parar, mas não pararam”, afirmou. A situação estaria ocorrendo há cerca de três dias, prejudicando todos os moradores. Segundo Barbosa, o problema é recorrente e, de tempos em tempos, o pó é lançado na comunidade, causando poluição ambiental. 

Pó amarelo da RHI Magnesita polui a Vila Presidente Vargas em Brumado Foto: Lay Amorim/Achei Sudoeste

Em nota, a RHI Magnesita esclareceu que foi registrado um problema pontual no sistema de despoeiramento do forno 01 durante o fim de semana. O forno foi desligado e, de acordo com a empresa, todas as medidas preventivas e para retorno do pleno funcionamento do sistema de captação de particulados estão sendo tomadas. A empresa lamentou o incômodo e ressaltou que opera dentro dos padrões exigidos pelos órgãos competentes, sendo feitos constantemente monitoramentos na unidade. Além disso, a Magnesita informou que investiu no último ano cerca de R$ 7 milhões no sistema de despoeiramento da empresa.

Brumado: Usina de leite garante que já foram tomadas medidas para inibir excesso de fumaça Foto: Lay Amorim/Achei Sudoeste

Moradores da Rua Suriname, no Bairro São Jorge, no Conjunto Habitacional Brisas, em Brumado, reclamaram durante o último final de semana da fumaça exalada da Usina de Beneficiamento de Leite localizada na região. Eles alegam que a fumaça está atrapalhando o dia a dia da vizinhança devido ao seu excesso. Ao site Achei Sudoeste, o tesoureiro da usina, Dielson Pereira, justificou que o excesso de fumaça na unidade se deu após um problema na bomba que filtra essa fumaça. Pereira garantiu que o equipamento já foi trocado e os filtros voltaram a funcionar normalmente, expelindo a menor quantidade possível de fumaça no ar. Técnicos da prefeitura auxiliaram no processo de adequação e resolução da questão. “A fumaça sai, mas reduzida e sem poluição. Já está tudo normalizado. Não estamos trabalhando de forma irregular”, afirmou.

Moradoras reclamam da fumaça expelida da usina de leite em Brumado Foto: Lay Amorim/Achei Sudoeste

Na Rua Suriname, no bairro São Jorge, no Conjunto Habitacional Brisas, em Brumado, os moradores têm se incomodado com a fumaça expelida da Usina de Beneficiamento de Leite localizada na região. Ao site Achei Sudoeste, a dona de casa Beatriz da Silva contou que a usina joga muita fumaça no bairro e atrapalha o dia a dia dos moradores em suas residências, principalmente àqueles que têm problemas respiratórios. “Incomoda muito. Falta respeito aos moradores”, afirmou. A moradora Helena Vieira gravou vários vídeos registrando a quantidade grande de fumaça que paira no ar na localidade. Ela apontou que, apesar dos constantes apelos, nada foi feito até o momento para reparar o problema. “Pedi socorro à prefeitura. Falaram que iam mandar a vigilância, mas nada. Me sufoquei, não vou mentir. Em pleno dia de domingo, num calor desses, não temos direito de receber uma visita. As roupas tudo fedendo fumaça. Estamos esperando uma resposta”, relatou. Vieira disse que, além da fumaça, a usina deixa jorrar leite podre pela rua, sendo um verdadeiro transtorno para toda vizinhança. “É uma falta de respeito. Tá difícil”, lamentou. Os residentes na rua irão acionar o Ministério Público para solucionar o impasse.  

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