O Banco Central (BC) projetou, para 2022, alta de 1,7% do Produto Interno bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país. A previsão anterior, divulgada em março, era de um crescimento de 1%. A revisão foi apresentada pelo diretor de Política Econômica do BC, Diogo Abry Guillen, em coletiva de imprensa que contou com a participação do presidente do BC, Roberto Campos Neto. De acordo com a Agência Brasil, o anúncio foi uma prévia do relatório trimestral de inflação, adiado para o dia 30, devido à greve de servidores do órgão. De acordo com nota do BC, há expectativa de “arrefecimento da atividade no segundo semestre” em decorrência dos “os efeitos cumulativos do aperto monetário; da persistência de choques de oferta; e das antecipações governamentais às famílias para o primeiro semestre”. Guillen cita como principais componentes da demanda doméstica a alta no consumo das famílias e o recuo dos investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo - FBCF).
Após três semanas sem publicação por causa da paralisação dos servidores, o Banco Central voltou a divulgar o boletim Focus, que reúne as projeções do mercado, ontem. Nesse período “no escuro”, as expectativas de?inflação?subiram de 6,86% neste ano, no relatório divulgado em 28 de março, para 7,65% nesta semana. A expectativa, assim, é mais que o dobro da meta oficial da inflação para o ano, de 3,5%, e está em elevação há 15 semanas. O mercado também elevou a sua projeção para a Selic neste ano, que passou de 13% para 13,25%. A expectativa de crescimento do PIB variou de 0,5% para 0,65%. Em março, quando o último relatório foi divulgado, já fazia sete semanas que economistas recalculavam a inflação de 2022 para cima, cada vez mais longe da meta de 3,5% estabelecida para este ano. Mesmo considerando o intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p.) para cima ou para baixo, o número ainda ficaria acima do teto, que seria de 5%, o que implicaria no descumprimento da meta pelo segundo ano consecutivo. A atual projeção extrapola o teto da meta em 2,65 p.p. A inflação vem se mantendo alta e persistente no Brasil. Os preços também são impactados pelos reflexos da guerra entre Ucrânia e Rússia nos combustíveis e alimentos em todo o mundo. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, já admitiu que o núcleo de inflação está muito alto e disse que o indicador do IPCA de março, o maior para o mês desde 1994, foi uma?surpresa.
Os brasileiros já podem saber se têm dinheiro ‘esquecido’ nos bancos ao consultar um novo site do Banco Central, que entrou no ar no fim da noite de domingo. Estima-se que há cerca de R$ 8 bilhões em instituições financeiras que ainda não foram resgatados por clientes. De acordo com o jornal o Globo, a cifra inclui saldos residuais em contas-correntes, por exemplo, ou cobranças indevidas. A consulta será feita pelo Sistema de Valores a Receber (SVR), que originalmente ficava no portal do BC. Com a sobrecarga de acesso em janeiro, no entanto, o órgão decidiu criar um site exclusivo (valoresareceber.bcb.gov.br). Até agora, R$ 900 mil já foram resgatados. O dinheiro é transferido por Pix. Além de um novo site, a criação de um log in e senha para acessá-lo também será diferente. O acesso por meio do Registrato não vale mais. Será necessário fazer um cadastro no portal Gov.br. Entenda o que é o SVR, veja quem tem direito ao dinheiro ‘esquecido’ e como fazer a consulta.
O Brasil é o país com a maior taxa de juros ao ano, descontada a projeção de inflação, segundo o ranking mundial de juros reais compilado pelo portal MoneYou e pela gestora Infinity Asset Management. A lista tem 40 países. Essa marca foi alcançada após o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central ter elevado, na última quarta-feira (2), a taxa básica de juros (Selic) em 1,5 ponto percentual, a 10,75% ao ano. Para chegar aos juros reais, porém, o estudo fez uma equação entre as taxas nominais estimadas e aquelas negociadas a mercado para janeiro de 2023. No caso do Brasil, a referência dos juros de mercado é o índice dos contratos DI (Depósitos Interbancários), que estava em cerca de 11,9% ao ano na última quarta. Desse cálculo é descontada a perspectiva de alta da inflação para os próximos 12 meses — para o Brasil, a projeção é 5,38%, segundo a pesquisa Focus do Banco Central. O resultado é uma taxa de juros real de 6,41% ao ano, colocando o Brasil no topo do pódio dos países com o crédito mais caro, à frente de Rússia (4,61%) e Colômbia (3,02%). A lista de nações com taxas positivas é pequena, tem apenas dez posições, ocupadas também por Chile, México, Indonésia, Hungria, Turquia, Malásia e República Tcheca. Outros 30 estão em situação inversa. A Argentina está no fim da fila. O país vizinho tem juros negativos de 14,5%, o que reflete uma inflação que fechou 2021 em alta de 51%. Considerando a média geral dos países listados, a taxa mundial de juros está negativa em 1,27%. As informações são do Valor Econômico.