O número de casos confirmados de AIDS teve um recuo significativo na Bahia no ano passado, de acordo com indicadores do Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab). Se em 2021 eram 1.916 infecções conhecidas, em 2022 foram 845 pacientes a desenvolverem a doença, considerada uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) mas com outras formas de disseminação do vírus HIV, como objetos cortantes não esterilizados e transfusão de sangue contaminado. Os homens foram maioria: 600 desenvolveram a síndrome de imunodeficiência, contra 245 mulheres. 14% (121) dos casos foram registrados na população mais jovem, entre 15 e 24 anos, e sete crianças abaixo dos cinco anos também tiveram manifestações da AIDS. Houve, ainda, 188 gestantes com a doença no Estado. Dos 845 casos da Bahia, 333 tiveram origem em Salvador. Na capital, os homens também foram maioria, representando 254 infectados. É muito importante ressaltar que a AIDS tem um caráter oportunista: com a queda na imunidade do indivíduo devido ao ataque massivo às células de defesa do corpo, que são destruídas pouco a pouco, o organismo acaba ficando vulnerável a enfermidades como hepatites virais, tuberculose, pneumonia, toxoplasmose (doença parasitária que pode ser transmitida por materiais de cozinha contaminados), com risco de complicações graves e óbito. Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM, também vinculado à Saúde federal) apontam para 670 óbitos tendo a infecção como causa-base na Bahia em 2021, último ano disponível para consulta. Foram 67 mortes a mais do que as registradas durante o primeiro ano de pandemia. Esses índices podem ser ainda maiores, por conta da subnotificação: como as pessoas não sabem se estão infectadas, os casos passam em branco, não sendo notificados. No caso da AIDS, os primeiros sintomas (da chamada fase aguda, que dura entre três e seis semanas) podem se confundir com uma gripe forte, como febre e mal-estar. É bom saber que os exames para detectar o HIV e outras IST estão disponíveis no SUS e na rede privada. Na Bahia, os testes rápidos podem ser encontrados nas unidades básicas de saúde, e o resultado sai em no máximo meia hora. O atendimento médico é fundamental para a prescrição do tratamento mais adequado à realidade de cada paciente, e se feito rapidamente, pode trazer o status indetectável para quem convive com o HIV, ‘inativando’ o vírus e cortando a sua transmissibilidade, ou reduzindo o comprometimento do sistema imunológico. De acordo com o Relatório de Monitoramento Clínico do HIV, também concluído em 2021 pelo Ministério da Saúde, 3.032 pessoas começaram a terapia antirretroviral na Bahia (1.127 delas em Salvador), contra 2.747 no primeiro ano de pandemia. Para que a adesão se amplie, é preciso acima de tudo lutar contra o preconceito e a falta de acolhimento.
O mês de dezembro marca o início da campanha “Dezembro Vermelho”, que chama atenção da sociedade para prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). O alerta ocorre após os números voltarem a preocupar, principalmente após uma subnotificação durante a pandemia. A Bahia continua registrando altos números de contaminação. De 1 de janeiro de 2012 a 31 de dezembro de 2021, foram notificados 20.253 casos de HIV e 12.282 casos de Aids, em adultos maiores de 13 anos de idade, de acordo com o Boletim Epidemiológico HIV/Aids de dezembro de deste ano, da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab). Em 2021, foi identificada a maior ocorrência de mortes por Aids, sendo registradas 685, com taxa de mortalidade de 4,6 por 100 mil habitantes. De acordo com o Bahia Notícias, parceiro do Achei Sudoeste, no documento, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep) pontuou que “a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e sua manifestação clínica em fase avançada, a síndrome da imunodeficiência adquirida (aids), ainda representam um problema de saúde pública de grande relevância na atualidade, em função de sua transcendência e seu caráter pandêmico”. Analisando os dados, ainda é possível ver que, de 2014 a 2019, observa-se um aumento exponencial na taxa de detecção dos casos de HIV e queda na taxa de detecção da Aids. Já no período de 2020 a 2021, observa-se declínio das notificações dos casos, o que pode estar relacionado com a ocorrência da pandemia Covid-19, quando o número de testados caiu drasticamente. Ainda segundo os dados do boletim, no período analisado, 4.289 gestantes foram diagnosticadas com HIV. Durante o ano de 2017, 489 gestantes testaram positivo para o vírus, o que representa uma taxa de incidência de 2,4 por mil nascidos vivos (NV). Em crianças de até 5 anos, foram identificados 48 casos de HIV e 110 casos de Aids. Esse dado deixa o Estado bem distante da meta preconizada, que é de nenhuma ocorrência para transmissão vertical.