Perícia da Polícia Federal concluiu que não houve edição nas gravações feitas pelo dono da JBS Joesley Batista. Segundo os peritos, há cerca de 200 interrupções no áudio em que Joesley aparece falando com o presidente Michel Temer (PMDB). As “descontinuidades” seriam consequência das características técnicas do gravador usado para registrar a conversa. O resultado do laudo já foi informado informalmente ao relator do inquérito no supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin. De acordo com o jornal O Globo, a Procuradoria Geral da República pediu que o laudo concluído pelos peritos já fosse enviado ao MPF. O ministro Edson Fachin autorizou a remessa ainda nesta sexta-feira à PGR. O Palácio do Planalto informou que não iria comentar por não conhecer o relatório.
O empresário Joesley Batista, um dos donos do Grupo J&F – holding que inclui a JBS –, disse em entrevista à revista Época que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT “institucionalizaram a corrupção” no País, cujo modelo foi reproduzido por outros partidos. Segundo Joesley, há 10, 15 anos houve uma “proliferação de organizações criminosas” no Brasil. “Nós participamos e tivemos de financiar muitas delas”, afirmou o empresário, que indicou o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega como o seu contato no PT. “Foi no governo do PT para a frente. O Lula e o PT institucionalizaram a corrupção. Houve essa criação de núcleos, com divisão de tarefas entre os integrantes, em Estados, ministérios, fundos de pensão, bancos, BNDES. O resultado é que hoje o Estado brasileiro está dominado por organizações criminosas. O modelo do PT foi reproduzido por outros partidos”. Apesar de citar o ex-presidente, Joesley disse que nunca teve “conversa não republicana com Lula”. “Zero, eu tinha com o Guido”, afirmou. “Não estou protegendo ninguém, mas só posso falar do que fiz e do que posso provar. Não estou entregando pessoas. Entreguei provas aos procuradores. E o PT tenha o maior saldo de propina. O que posso fazer se a interlocução era com o Guido?”. O empresário citou repasses ilícitos envolvendo um esquema de corrupção no BNDES e disse que o “crédito” que “o PT gastou para comprar a eleição de 2014” chegou a R$ 300 milhões.