A Estrada Real, que liga Rio de Contas a Livramento de Nossa Senhora, e se estende até o Rio de Janeiro, é um testemunho vivo da história e da resiliência da engenharia colonial brasileira. Construída no século XVIII por mãos escravizadas, a estrada era o principal caminho para o transporte de riquezas como ouro, diamantes e café, conectando a região ao centro econômico da época, onde estava a família real portuguesa. Hoje, um esforço voluntário dos Guardiões da Serra das Almas (Gasa) busca preservar essa herança histórica e ambiental. A iniciativa, liderada por pessoas como Wbiara Dantas, o popular Bira, que em entrevista ao site Achei Sudoeste e ao programa Achei Sudoeste no Ar, explicou que o trabalho envolve a limpeza e manutenção do caminho, que havia se tornado intransitável em alguns trechos. “Essa estrada é muito ampla e bonita. Nosso trabalho facilita o acesso para quem caminha e valoriza o turismo ecológico”, afirma Bira. Apesar da ausência de tecnologias modernas na época, a engenharia aplicada à Estrada Real é notável. As pedras foram cuidadosamente colocadas para resistir ao tempo e às forças da natureza. “Hoje, as ruas pavimentadas precisam de reparos constantes. Já a Estrada Real, com mais de 200 anos, permanece sólida”, ressalta Bira. As técnicas utilizadas incluíam desviar o fluxo de água para evitar erosões, uma solução simples e eficaz que ainda impressiona visitantes e estudiosos. Além do valor histórico, o trecho preservado da estrada oferece aos turistas a oportunidade de conhecer um cenário único, com paisagens exuberantes e marcos como a Cachoeira do Raposo. O caminho também é muito utilizado por grupos de trilha da região, que encontram ali um espaço ideal para atividades físicas e contemplação. A ação do Gasa não apenas resgata a memória de um período que marcou a formação do Brasil, mas também promove o turismo sustentável e a valorização do patrimônio natural e cultural de Rio de Contas.