A Bahia foi o segundo estado do Brasil com mais ocorrências de violência contra povos e comunidades tradicionais, em 2022, segundo informações do relatório "Além da Floresta: Crimes Socioambientais nas Periferias". A pesquisa da Rede de Observatórios de Segurança com apoio das secretarias de segurança pública estaduais foi divulgada nesta segunda-feira (19). De acordo com a pesquisa, a Bahia, que ficou atrás apenas do Pará, registrou 428 vítimas de violência no intervalo de 2017 a 2022. Os crimes de ameaça representaram mais da metade (53,27%) das violações sofridas, seguidos das lesões corporais (22,66%) e das injúrias (12,15%). As principais vítimas foram mulheres (58%). Os crimes socioambientais se concentram em locais específicos no estado. Apenas seis cidades registraram mais da metade dos eventos: Porto Seguro, Salvador, Banzaê, Pau Brasil, Ilhéus e Itaju do Colônia representam 52,2% dos casos. Quatro dessas cidades estão localizadas na região do sul da Bahia – sendo duas delas, Ilhéus e Porto Seguro, conhecidas pela atividade turística. O município de Banzaê chama atenção por figurar no ranking de crimes contra povos tradicionais. Localizado no extremo norte do estado, quase na divisa com Sergipe, o município é marcado pela luta do povo Kiriri pela demarcação de seu território e, conforme o relatório, por conflitos com grileiros e fazendeiros locais. Recentemente o município criou a primeira Secretaria dos Povos e Comunidades Tradicionais do estado da Bahia. A SSP-BA considera como “povos tradicionais” os seguintes grupos: indígenas, andirobeiras, apanhadores de Sempre-Vivas, caatingueiros, catadores de Mangaba, quilombolas, extrativistas, ribeirinhos, caiçaras, ciganos, povos de terreiros, cipozeiros, castanheiras, faxinalenses, fundo e fecho de pasto, geraizeiros, ilhéus, isqueiros, morroquianos, pantaneiros, pescadores artesanais, piaçabeiros, pomeranos, quebradeiras do coco babaçu, retireiros, seringueiros, vazanteiros e veredeiros.