Para fechar as contas do ano, o governo Dilma Rousseff decidiu mais uma vez recorrer a “receitas extraordinárias”, ou seja, que não se fazem parte da arrecadação cotidiana de impostos e outras fontes de recursos. O total esperado por meio desse expediente foi elevado de R$ 14,2 bilhões para R$ 24,3 bilhões, segundo a revisão bimestral do Orçamento divulgada nesta quinta-feira (22). Segundo as explicações oficiais, o dinheiro extra virá, basicamente, de programas de parcelamento de dívidas tributárias. Esse expediente já foi adotado para fechar as contas do ano passado. Nos cálculos da área econômica, as vantagens oferecidas a contribuintes em atraso com o fisco renderão R$ 12,5 bilhões a partir de agosto, compensando perdas na arrecadação regular de tributos. Com isso, o governo evitou ser obrigado a cortar despesas em razão do comportamento decepcionante das receitas nos primeiros três meses do ano -houve crescimento de 2,1%, abaixo da taxa entre 3% e 3,5% prevista para o ano. Segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal, o governo deve ajustar a cada dois meses as expectativas de receita e despesa, a fim de garantir o cumprimento das metas fiscais. Para convencer analistas e investidores de que seus gastos não vão disparar neste ano eleitoral, o governo prometeu poupar R$ 80,8 bilhões para o abatimento da dívida pública. Com outros R$ 18,2 bilhões dos Estados e municípios, a meta total de poupança chega a R$ 99 bilhões, equivalentes a 1,9% do PIB. Para mostrar estabilidade, o percentual é o mesmo do ano passado -que, no entanto, foi o mais baixo desde 1998. As informações são da Folha de São Paulo.