No curso de sua entrevista ao radialista Mário Kertész da Rede de Rádio Metrópole, o advogado criminalista, escritor e historiador brumadense Maurício Vasconcelos reconheceu, pela premência do tempo, a falta de algumas informações no contexto da mesma que o site Achei Sudoeste publica com exclusividade. Este texto serve de complemento a entrevista concedida a nível nacional. A verdade é que o livro do Major Waldir Magalhães Pires (não confundir com o ex-governador Waldir Pires), notável integrante das Força Expedicionária Brasileira (FEB) o entrevistado encontrou na Biblioteca do seu tio Rui Lima Vasconcelos, na Cidade de Barra da Estiva, onde morava e foi coletor. Maurício estava na casa deste tio de férias. O livro em princípio não prendia muita a atenção do advogado brumadense, pois, como não poderia deixar de ser, o Major Waldir Pires detinha-se a rotina dos quarteis, das batalhas que participou como Monte Castelo, Castelnuovo, Montese (mais a visão do soldado mesmo que estava no campo de batalha), enquanto o leitor estava mais interessado em entender a Segunda Guerra como um todo, porém, reconhece o mérito do livro do ajor para despertar um interesse que já perdura a vida inteira, pois, nas horas vagas estuda a Segunda Guerra Mundial. Maurício Vasconcelos, como era muito jovem, não se lembra de ter conhecido o Major Waldir Pires. Outro ponto da entrevista que este site esclarece com absoluta exclusividade, foi o papel do “Anjo Bom de Hamburgo”, nome dado a funcionária da Chancelaria brasileira no Consulado do Brasil em Hamburgo, Aracy Carvalho Tess Guimarães Rosa.
Na última sexta-feira (25), Maurício Vasconcelos conversou com Eduardo Tess, filho de Aracy e seu amigo em São Paulo e as coisas ficaram esclarecidas. Só quem podia autorizar a entrada de judeus no Brasil através de vistos era o Cônsul, mais ninguém. Havia uma ordem do Presidente Getúlio Vargas que isto não ocorresse. Hamburgo é e era importante porque uma cidade portuária da Alemanha. Que fazia “O Anjo Bom de Hamburgo”: no meio da papeleta que era muita para o Consul despachar ela emprenhava uma série de vistos autorizando judeus a entrarem no Brasil, com isso salvou muitas vidas cujo destino seria os campos de concentração nazistas. Eram tantos os papéis que o Consul não tinha controle de tudo e viva a vida. Não à toa hoje é heroína do povo judeu. O Consul Geral Adjunto do Brasil em Hamburgo era o poeta e escritor João Guimarães Rosa, autor dentre outras obras, do “Grande Sertão Veredas”, com quem se casou e viveu até a morte dele primeiro e a dela de certo modo recente com mais de cem anos. Outra confusão de pessoas e locais ocorridas na entrevista, ocorreu com o papel do Cardeal Eugênio Paccelli. Este era o Núncio Apostólico do Vaticano na Baviera, Alemanha. (Núncio Apostólico é o nome que se dá a qualquer embaixador da Santa Sé no mundo todo). O Cardeal Paccelli talvez tenha sido o prelado católico que mais conheceu e entendeu a “lógica” dos nazistas que eram oficialmente católicos. Eleito Papa no conclave de 2 de março de 1939, ou seja, as vésperas do início oficial da Segunda Guerra Mundial em 01 de setembro de 1939 com a invasão da Polônia.
O agora Papa Pio XII sabia com quem estava lidando, pois, viveu muito tempo na Alemanha e tinha fundados temores do bombardeio do vaticano. Ainda assim, condenou o holocausto em sucessivas transmissões radiofônicas pelo grande meio de comunicação da época que era a Rádio Vaticano e escondeu judeus em várias igrejas de Roma, apesar da Igreja Católica ter fundado a linha dos ratos que conseguiu vistos de viagem para, dentre outros, Adolf Eichman e Josef Mengele para a América do Sul, assunto abordado na entrevista. Portanto, a referência feita no Rádio por Maurício Vasconcelos a João XXIII (na sua opinião um dos maiores Papas) não faz nenhum sentido, até pelo tempo dos acontecimentos. Quando o entrevistado fala da obrigação de árabes ou muçulmanos que possuam condições econômicas de visitarem o Santuário onde fica a Pedra Caaba no Reino da Arabia Saudita quis dizer uma vez na vida e não todos os anos. Por fim, vários ouvintes e leitores, questionaram a concentração das informações sobre a Hungria e isto possui várias explicações: a primeira de ordem pessoal e emotiva: Budapeste era a terra do pai do meu entrevistador e achei que devia esta deferência ao mesmo; segundo porque já tinha estado na Áustria, França, Holanda (um caso à parte), Itália, Inglaterra, República Tcheca, Alemanha, enfim, nos grandes palcos da Segunda Guerra Mundial; a Hungria perdeu a maior população de judeus entre todos os países, sendo que 700.000 em apenas três meses e, por fim, foi de Budapeste que saí para o meu exílio sanitário no Brasil. Tenho 16 meses que sequer vou a Brasília.