Pacientes com Covid-19, que apresentam níveis elevados de cortisol, o hormônio do stress, correm maior risco de morte. É o que mostra um estudo publicado na quinta-feira, 18, na revista científica The Lancet Diabetes & Endocrinology. Esta é a primeira evidência, desde o início da pandemia, em dezembro de 2019, de que os níveis de cortisol são um marcador da gravidade da infecção. O estudo, realizado por pesquisadores da universidade Imperial College de Londres, analisou exames de 535 pacientes, incluindo 403 com diagnóstico comprovado de infecção por coronavírus, internados em três hospitais na Inglaterra. Os pacientes tinham, em média, 66,3 anos e 240 eram homens. As doenças mais frequentes nas pessoas contaminadas por coronavírus eram hipertensão (191 pacientes), diabetes (160), doenças cardiovasculares (94), doença renal crônica (50) e diagnóstico atual de câncer (38). Nas análises diárias, que aconteceram entre 9 de março e 22 de abril de 2020, o nível de cortisol foi medido. Os resultados mostraram que os pacientes com Covid-19 tinham níveis “preocupantemente altos” do hormônio – até o triplo dos níveis de cortisol encontrados no sangue após alguém ser submetido a uma grande cirurgia, quando os níveis desse hormônio geralmente estão extremamente altos. Normalmente, o nível de cortisol de uma pessoa saudável, em repouso varia de 100 a 200 nm/L e é de quase zero quando dormimos. Em pacientes doentes, é normal que o nível desse hormônio aumente, pois faz parte da resposta do corpo. De forma que baixos níveis de cortisol em pacientes doentes podem ser fatais. Por outro lado, níveis muito altos também podem ser perigosos, levando ao aumento do risco de infecção e a maus resultados. Entre os pacientes com Covid-19 no estudo, aqueles com nível de cortisol basal de 744 nm/L ou menos sobreviveram em média por 36 dias, mas aqueles com níveis acima de 744 nm/L tiveram uma sobrevida média de apenas 15 dias. Além disso, durante o período do estudo, pouco menos de 27% do grupo com coronavírus morreu, em comparação com pouco menos de 7% do grupo que não apresentava a infecção.