Chorando muito, o jovem Walas Pereira, 21 anos, entrou na delegacia da cidade na noite da última sexta-feira (18) pedindo ajuda à polícia para abandonar o vício em drogas. A atitude do jovem, que é natural da comunidade de Umburanas, zona rural de Brumado, surpreendeu o delegado e agentes da polícia civil que ouviram os apelos desesperados do rapaz. “Vim pedir pra ficar preso, pois quero largar meu vício. Não aguento mais essa vida, não tenho dado valor às pessoas que me ajudam; só tenho dado valor às drogas que estão acabando com a minha vida. Pedra, pó, maconha qualquer coisa eu uso. Estou pedindo pra ficar preso pra não cair na armadilha de roubar pra ir gastar numa boca de fumo”, disse o jovem. Em entrevista ao site Brumado Notícias, Walas contou que é usuário desde os 17 anos de idade, quando começou a usar para tentar suportar a dor das lembranças do assassinato da mãe e o fato de ter sido separado dos dois irmãos. “Mataram minha mãe na minha frente e eu fui separado dos meus irmãos, desde então ficou difícil para mim suportar essa dor e acabei me refugiando nas drogas”, desabafou o jovem, que trabalha como lavrador e consome todo o salário que recebe com as drogas.
Segundo ele, cada pequena porção de substâncias como crack, cocaína e maconha custa R$ 10. Na delegacia, o jovem reforçou a vontade de mudar de vida. “Quero abandonar o meu vício, quero uma vida nova, quero dar um novo rumo a minha vida. Nunca roubei, minhas mãos estão calejadas, tenho força para arrastar a enxada, mas não tenho força para abandonar as drogas. Peço novamente, por favor, me ajudem”, insistiu. O delegado entrou em contato com Manoel Gonçalves, que há trinta anos luta contra o alcoolismo e faz parte do grupo de Alcoólicos Anônimos da cidade. Este, por sua vez, contatou o Centro Terapêutico Metanóia (CTM), que fica na comunidade Campo Seco. O CTM é mantido por uma Igreja evangélica e por pessoas e entidades que ajudam com a doação de cestas básicas. Gonçalves disse a nossa reportagem que ficou muito emocionado com a história do rapaz. “Em minha vida nessa luta contra a dependência química, que já dura 30 anos, nunca me emocionei tanto como me emocionei nesta noite ao atender o apelo desse jovem. Meus olhos lacrimejaram quando ele e a mãe adotiva já sem forças para lutar se abraçaram. Avisei aos amigos que estão em recuperação no Centro Metanóia e eles fizeram uma recepção calorosa para receber Walas. Hoje, Deus me deu um grande presente, poder estender a mão para ajudar um semelhante”, afirmou Gonçalves.