Em seu pronunciamento inicial ao Senado, a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) nomeou o processo de impeachment como golpe de Estado – havia a expectativa em torno do uso ou não da palavra para descrever a situação. “Estamos a um passo da consumação de uma grave ruptura institucional, um verdadeiro golpe de Estado”, afirmou a petista, que acrescentou que jamais renunciaria.  A partir da declaração, ela começou a rebater os tópicos apresentados pela acusação para configurar o crime de responsabilidade que ela teria cometido. Como reiterado ao longo do processo, Dilma afirmou que a edição dos decretos de crédito suplementar seguiu “todas as regras constitucionais”, respeitou “as previsões legais da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), e não ultrapassou limites financeiros por conta do decreto de contingenciamento – “o maior da nossa história”. A presidente também tratou dos atos referentes ao plano Safra, que ressaltou não ter participação. Quanto aos atrasos nos pagamentos de débitos com bancos públicos, ela apontou que “o Ministério Público Federal arquivou inquérito sobre essa decisão”, definindo que não se tratavam de operações de crédito. “Esse processo de impeachment não esta realizando justiça”, disse. “Está provado que não agi dolosamente em nada”, completou, destacando que não ofereceu nenhum prejuízo ao erário ou patrimônio publico. Em menção ao clima do julgamento, Dilma defendeu que “não há respeito ao devido processo legal”, já que os julgadores já emitiram sua opinião, “registrada pela grande imprensa”, antes do exercício do direito de defesa. “Votarão contra mim de qualquer jeito. Neste caso o direito de defesa será feito apenas formalmente”.