Depois de ser obrigado a paralisar obras de pavimentação e duplicação de estradas em todo o País por causa da falta de recursos, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) se vê agora sem condições de cumprir sua missão básica: garantir a manutenção das rodovias que já existem. O estrangulamento financeiro do órgão abriu um rombo de R$ 1,2 bilhão na verba anual necessária para executar os serviços de reparo e conservação das estradas. Trata-se de um terço do dinheiro usado para cobrir os 55 mil quilômetros da malha federal. Sem esse recurso, o Dnit só tem condições de pagar a manutenção das rodovias até agosto. Depois disso, será obrigado a paralisar os serviços. O esvaziamento da autarquia que sempre ostentou um dos maiores caixas do orçamento federal decorre não apenas do aperto nas contas públicas neste ano, mas também do pagamento de dívidas que o órgão acumulou de anos anteriores. Em 2016, o Dnit recebeu autorização para gastar R$ 6,5 bilhões, mesmo volume que teve no ano passado e praticamente metade do que chegou a contar entre os anos de 2010 e 2014. Ocorre que mais de 40% do dinheiro que entrou neste ano foi usado para pagar contas antigas, dando fim a uma pilha de centenas de contratos que já armazenavam cerca de três meses de atraso. Para zerar esse passivo, o Dnit desembolsou R$ 2,7 bilhões do que recebeu. “Hoje não temos mais nenhum dos nossos mil contratos, tudo foi quitado, mas essa situação de fato limitou nossa capacidade de execução de outros serviços”, diz o diretor-geral do Dnit, Valter Silveira. As informações são do Estadão.