O engenheiro projetista da estrutura da barragem de Samarco – que se rompeu em 5 de novembro de 2015 em Mariana (MG) – informou que fez o alerta a mineradora sobre um “princípio de ruptura” na margem esquerda do reservatório, devido ao aparecimento de uma trinca. O aviso teria se dado um ano antes da barragem se romper. De acordo Joaquim Pimenta de Ávila, em depoimento à Polícia Federal (PF) veiculado pela Folha, a situação observada era “severa” e “necessitava de uma providência maior do que a que Samarco estava tomando”. Ainda de acordo com Ávila, o reforço construído no local não considerava a liquefação, quando a estrutura da barragem passa do estado sólido para o líquido –o que pode resultar em rompimento. Ainda em depoimento à PF, o engenheiro disse que a trinca foi analisada em setembro de 2014. A Samarco teria dito que ela havia aparecido um mês antes. O engenheiro declarou que recomendou o redimensionamento do reforço na estrutura, a instalação de ao menos nove piezômetros (instrumentos para medir a pressão da água no solo) e o acompanhamento diário da posição do nível da água – se ele subisse, a empresa deveria bombeá-la para fora da barragem.