A maioria dos sobreviventes da tragédia de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), está hospedada em hotéis e pousadas do município. À imprensa, os moradores dizem que perderam tudo - casa, carro, móveis, documentos, fotos, memórias. O único desejo para o futuro, segundo eles, é reerguer a comunidade. !A saudade é demais. É o que mais incomoda a gente. Não ter pra onde voltar é muito ruim!, desabafou a dona de casa Edna Aparecida Euzébio, 34 anos, à Agência Brasil. Ela, o marido e três filhas moravam em uma casa de três quartos no povoado, que foi arrasado pela lama e pelo barro. !Lá era tranquilo demais. A gente dormia com as portas abertas, papeava na porta de casa, jogava truco até mais tarde. Não foi só a casa que perdemos. Perdemos toda uma vida, a nossa história, os nossos costumes. E agora queremos um lar, não um quarto de hotel”, disseram. O encarregado José Luiz da Silva, de 44 anos, concorda com tudo o que a dona de casa diz. Depois da tragédia, ele sequer tentou buscar o que poderia ter sobrado de suas coisas em Bento Rodrigues. !Não tenho vontade de voltar lá não, mas tenho uma saudade danada de casa. É uma mistura de emoções muito fortes. Do tipo quero voltar, mas não quero!, declarou.