Nenhum lugar do mundo teve uma chuva tão volumosa e numa área abrangente como o estado da Bahia no mês de dezembro. De acordo com a empresa de meteorologia Metsul, que coletou dados na base de monitoramento global de precipitação da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), a agência climática do governo dos Estados Unidos, a quantidade de água na região ficou acima da normalidade. Segundo o jornal o Globo, o mapa de anomalia de precipitação, que mostra as chuvas entre os dias 24 de novembro e 24 de dezembro mostra áreas do Sudeste Asiático, perto da Indonésia e Papua Nova Guiné, com volume mais abrangente de águas, mas a região do estado da Bahia é a maior do mundo com intensa precipitação. A tragédia baiana foi deflagrada por um fenômeno chamado Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), colossal canal de umidade trazida do mar que “estaciona” sobre determinadas áreas, causando chuva intensa e inundação por dias. Um conjunto de fenômenos meteorológicos raros tem causado essa “anomalia” no clima baiano. “A ZCAS se espalhou pela Bahia, o que é totalmente fora do normal, e despejou aguaceiros numa região cerca de 1.000 quilômetros ao norte da que costuma ocorrer (o Sudeste). E esse fenômeno, que por si só já seria raro, aconteceu duas vezes no mesmo mês”, destaca o cientista do Cemaden, instituição que alertou com antecedência de cinco dias sobre o risco de tragédia na Bahia e cuja ação coordenada com a Defesa Civil e prefeituras baianas permitiu a retirada de muita gente de áreas de risco, evitando que o número de mortos fosse ainda maior.