As manifestações dos moradores da comunidade da Lagoa Funda, em Brumado, contra a construção do Centro de Detenção Provisória (CDP) na localidade chamou a atenção das autoridades, que em entrevista ao site Brumado Notícias opinaram sobre o assunto. Leonardo Rabelo, delegado coordenador da 20ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Coorpin), deixou claro que não entra no mérito da questão quanto ao local a ser construído o CDP, mas ressaltou a importância do mesmo para o município. “Não entro no mérito de onde o presídio deva ser construído, mas a unidade trará muitos benefícios, entre os quais para os policiais civis, que voltarão as suas funções de investigadores e não precisarão mais fazer a guarda dos presos”, pontuou o delegado.
A nossa reportagem também ouviu o juiz da Vara Crime, Genivaldo Alves Guimarães, que apontou que Brumado tem atualmente uma carência de 200 vagas de custódia para abrigar a demanda atual. O magistrado afirmou que muitos mandados de prisão não estão sendo cumpridos por falta de uma unidade prisional adequada. “Existem mandados de prisão aguardando ordem de cumprimento e, às vezes, somos obrigados a mandar libertar pessoas antes do momento oportuno devido à falta de um estabelecimento prisional”, explicou Guimarães. O juiz disse, em seguida, que por se tratar de ano eleitoral pode haver interesses adversos que queiram deturpar a importância do empreendimento e mobilizar a população contra o presídio. “Nesse momento que antecede as eleições, as coisas começam a acontecer, só que talvez pessoas motivadas por questões e interesses politiqueiros incentivem outros a criar um embaraço. Entre as muitas necessidades de Brumado está este CDP e espero que nenhuma pessoa mal intencionada ou mal informada incentive a população local a criar obstáculos”, disparou o magistrado.
O juiz abordou ainda que a cadeia existente no município está em local inadequado e contraria a lei de execução penal, viola a dignidade humana e gera várias consequências negativas, entre as quais o desvio de função dos investigadores na elucidação dos crimes. “A população de Lagoa Funda não precisa temer, ao contrário, eu acredito que isso trará benefícios para a localidade. Isso não vai atrair familiares de presos à localidade, pois o preso ficará pouco tempo na CDP até ser julgado. Manifestações ocorrem naturalmente, mas deve prevalecer o interesse público em geral e não apenas o interesse de um determinado grupo de pessoas. Em algum local o presídio tem que ser construído e aquela população terá que conviver com esse fato”, finalizou o juiz.