“Senhor ladrão, peço humildemente que devolva meu computador, minha máquina de solda e minhas baterias”. O apelo, estampado numa faixa de pano na entrada de uma oficina mecânica, chama a atenção de quem passa pela esquina da rua Domingos Vieira com avenida Brasil, ponto movimentado no bairro Santa Efigênia, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. “Coloquei esta faixa para ver se o malandro se sensibiliza. Vai que um dia eu chego e meus produtos estão todos lá na porta, né?”, disse Welton Borges Rego ao G1. Welton, de 50 anos, é o proprietário da oficina. Em 35 anos trabalhando no mesmo ponto, esta foi a primeira vez que ele foi assaltado. O crime aconteceu há cerca de um mês, quando bandidos aproveitaram a madrugada para pular o muro e levar os equipamentos da oficina. “Quando fui trabalhar no sábado de manhã, percebi que as coisas tinham sido modificadas. O portão não foi arrombado, mas as portas do escritório foram. Neste tempo todo que estou aqui, nunca passei por nada desta gravidade. Já lidei com 'ladrões de galinha'. Como o lote é todo cercado, tem escola, casas, prédio, a gente nunca imaginou que alguém fosse se atrever a pular o portão e a roubar”, contou. O prejuízo estimado é de R$ 15 mil. Depois do assalto, Welton teve que gastar com serralheiro para incrementar a segurança das grades da oficina. Mas preferiu não colocar câmeras. “É uma sensação de impotência, misturado com incapacidade, sei lá. E uma sensação que a gente, como ser humano, não está valendo muita coisa. As pessoas arrombam, invadem, é uma agressão”.