Caso os testes clínicos em curso comprovem a eficácia das vacinas contra a Covid-19, o Brasil está bem posicionado para obter doses já no ano que vem. A avaliação com tamanho otimismo é da professora da Universidade Federal de Goiás (UFG) Cristiana Toscano. A docente integra o Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização (SAGE) da Organização Mundial da Saúde (OMS), um dos órgãos responsáveis por desenvolver e avaliar futuras vacinas que poderão ser utilizadas na população mundial. De acordo com a pesquisadora, acordos já assinados pelo governo federal e pelo estado de São Paulo dão alternativas ao país para implementar uma rápida vacinação assim que os remédios forem liberados. No entanto, ela alerta que é preciso se apressar no planejamento para preparar os mais de 30 mil postos de vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS). "No Brasil, a gente tem uma situação que considero bastante privilegiada, porque a gente tem os mecanismos bilaterais e o envolvimento do Brasil no Covax, que é um mecanismo multilateral", disse a epidemiologista, que participou da Jornada Nacional de Imunizações, promovida pela Sociedade Brasileira de Imunizações. “A gente está bem posicionado do ponto de vista de acesso e de possibilidade e expectativa real de termos algumas vacinas já em 2021”, disse ao site Agência Brasil. Em meados de setembro, o Brasil confirmou sua participação no consórcio Covax, organizado pela OMS para garantir acesso à imunização em todo o mundo. O fundo espera captar US$ 18 bilhões com o investimento de 80 países considerados autofinanciáveis, como o Brasil, para fornecer as vacinas para estes e mais 92 países que não teriam condições de fabricar ou comprar as doses. Com a adesão, o país vai investir cerca de R$ 2,5 bilhões e espera adquirir um portfólio que, até então, tem nove vacinas em desenvolvimento, para garantir a proteção de 10% da população até o final de 2021. O Brasil também tem feito uma série de acordos bilaterais para transferências de tecnologia. O país espera a definição de uma vacina britânica e uma chinesa. O governo assinou contratos com os desenvolvedores da AstraZeneca e da Universidade de Oxford para que a Fundação Oswaldo Cruz nacionalize a produção da vacina, que está na última fase de testes clínicos em diversos países, incluindo o Brasil. Vale lembrar que os testes da vacina de oxford estão à todo vapor. A vacina de Oxford também é uma das nove vacinas que integram o portfólio do Covax. Além disso, o governo do estado de São Paulo e o Instituto Butantan firmaram acordo para testagem e transferência de tecnologia para a produção nacional da vacina em desenvolvimento pelo laboratório chinês Sinovac. Em setembro, o governo federal instituiu um grupo de trabalho interministerial para coordenar a aquisição e a distribuição de vacinas “com qualidade, eficácia e segurança comprovadas” contra o novo coronavírus.