Entre as principais causas do aumento da violência em Brumado está a falta de políticas públicas sociais, principalmente voltadas para atender crianças em estado de risco. O site Brumado Notícias apurou junto ao Conselho Tutelar e ao projeto social Brumado Resgate que o município está estagnado por uma “invisibilidade social”. A nossa reportagem conversou com Paulo Esdras, membro do projeto Brumado Resgate. Segundo ele, além do poder público, a própria sociedade estaria sendo omissa e rejeitando as ações do projeto. “As crianças não estão sendo bem aceitas por algumas pessoas, que reclamaram na empresa de ônibus que conduz os garotos e evitam pegar a condução no horário em que os meninos entram no transporte. Essas pessoas não aceitam participar desse modelo de educação. Até mesmo funcionários da Biblioteca Municipal estão criticando o projeto, que terá seu reflexo no futuro, pois a ideia é de que em um prazo de cinco anos essas crianças não estejam mais à margem da sociedade”, relatou Esdras.
O ativista ainda declarou que as crianças assistidas pela iniciativa estão sem estudar, vez que, segundo ele, foram rejeitadas pelas escolas públicas do município. “Pela lei é obrigatório que essas crianças estejam nas escolas, mas, por falta de um acompanhamento familiar e pelo fato de as escolas não estarem preparadas para atender essas crianças em situação de risco, as diretoras resolveram não aceitar as matrículas desses meninos”, denunciou Esdras. A nossa equipe também falou com o Conselho Tutelar e o órgão relatou que 30 crianças estão fora das escolas, algumas por indisciplina e outras por expulsão. Há também aquelas que pediram transferência para ficaram mais perto de casa, mas não foram aceitas pelas novas unidades. O Conselho levou o assunto ao conhecimento do Ministério Público, que de imediato acionou a Secretária de Educação. Após audiência já realizada com o promotor, a secretaria se comprometeu a inserir as crianças nas escolas durante este ano letivo. “Estamos plantando o projeto com visão de transformação dessas crianças, para colhermos futuros cidadãos de bem, mas, com a rejeição da sociedade e da educação pública, essas mesmas crianças poderão ser recrutadas pelo crime. O que vamos colher?”, argumentou Esdras.