Uma empresa brasileira planeja lançar uma modalidade de tratamento contra o câncer que custa apenas um quinto do que é cobrado hoje. O plano, em curso já há alguns anos, é fazer uma versão própria e com estrutura distinta de moléculas de sucesso de grandes farmacêuticas como a Bristol Myers-Squibb (BMS), dona do Opdivo (nivolumabe) e do Yervoy (ipilimumabe), e da MSD (Merck, nos EUA), proprietária do Keytruda (pembrolizumabe). As alternativas são estudadas pela Recepta Biopharma, empresa que nasceu da junção de cientistas ligados ao Instituto Ludwig de Pesquisas sobre o Câncer e empresários, e que é voltada ao desenvolvimento dos chamados anticorpos monoclonais -moléculas cuja nomenclatura termina em "mabe" ou "mab", de "monoclonal antibody", em inglês. Anticorpos monoclonais têm estrutura semelhante aos anticorpos produzidos pelo organismo de diversos animais, que têm como função geralmente atacar moléculas presentes em organismos ou estruturas invasoras. No caso, porém, os anticorpos monoclonais são fabricados para atacar uma região específica de determinado alvo, como um ímã que se gruda à parte metálica de um objeto. No caso do ipilimumabe, o alvo é uma estrutura que recebe o nome de CTLA-4. Já o alvo do nivolumabe e do pembrolizumabe é o chamado PD1. Tanto o CTLA-4 quanto o PD1 são proteínas presentes em células de defesa e que normalmente têm o papel de frear a ação do sistema imunológico do organismo, impedindo reações indesejadas e que podem desencadear doenças autoimunes (como artrite reumatoide e lúpus).