O município de Brumado figura entre as 216 cidades da Bahia, ou 50% em todo o estado, que não conta com sistema de esgotamento sanitário adequado para atender as especificações de saneamento básico. A situação agrava a saúde pública e o meio ambiente, uma vez que todos os dejetos produzidos e despejados no que deveria ser a rede de drenagem pluvial acaba jogado nos riachos e no Rio do Antônio, os quais cortam o município. Há décadas que o cenário urbanístico natural desses mananciais foi maculado pela lama negra dos esgotos produzidos nas casas, empresas, rede hospitalar e comércio em geral. Nesse período de tempo, ambientalistas vêm travando uma incansável luta pela despoluição e revitalização dos canais pluviais. Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou um relatório apontando que mais da metade dos municípios baianos encontram-se em débito com o esgotamento sanitário, o que resulta nas constantes complicações à saúde pública e ocorrências de endemias e epidemias associadas à falta de saneamento básico.
Coincidência ou não, todos os anos, os brumadenses convivem com períodos de viroses de verão, em que os atendimentos com quadros de vômitos, diarreia, náuseas, tosses, gripes e coceiras pelo corpo aumentam consideravelmente nas unidades básicas de saúde e no hospital municipal. Os principais pacientes são crianças e idosos, sendo a maior porcentagem dos bairros mais populosos, que margeiam exatamente o Rio do Antônio, que recebe todo o despejo do esgoto da cidade. Quem já sofreu com os males citados questiona se o mero diagnóstico de virose de verão não tem, na verdade, uma ligação com o gigantesco esgoto a céu aberto que corre nos poluídos afluentes da cidade, conforme os dados apontados pelo IBGE. “Todos os anos é a mesma coisa: minhas filhas menores sempre voltam ao hospital por conta dessa dita virose de verão. Basta chegar os meses de dezembro a março que já começamos a fazer o caminho de roça para o hospital. Penso que por morar vizinha ao rio poluído possa ter uma ligação com o problema”, relatou uma moradora do Bairro São Jorge.