Com o gesto simples de querer propor uma área de lazer para as crianças e mudar o aspecto do Bairro Apertado do Morro, onde mora, o pintor Josemar de Souza Santos, o Bolacha, construiu uma área verde, com parque infantil, utilizando material despejado nas vias públicas. Religioso, o pintor revelou em entrevista ao site Achei Sudoeste que se inspirou no pai, o senhor Antônio Santos, um dos mais antigos moradores do bairro, que passou parte da vida lutando por melhorias para a comunidade. Além disso, Josemar disse que cresceu com a criatividade do irmão, que sempre improvisava balanços para a criançada brincar na rua. Segundo ele, quando olhou para o bairro abandonado, tomado pelo lixo despejado na porta de casa, decidiu que, ao invés de se acomodar nas reclamações contra o poder público, deveria fazer a diferença em mudar o ambiente onde vive.
“A primeira ação foi recolher pneus velhos para fazer os caqueiros das plantas. Tiramos muitos pneus que estavam nas beiras das rodovias acumulando água da chuva e ganhamos uma parte de alguns borracheiros que decidiram nos apoiar. Essa primeira parte foi bem difícil”, relembrou Bolacha, que começou a plantar sementes de girassol que eram a ração do papagaio da sua mãe e, em seguida, recebeu mudas de outras flores e árvores frutíferas doadas por outras pessoas. Para fazer o parquinho, o pintor contou com a doação de madeiras feita pelo irmão e teve a ajuda das próprias crianças, as quais deram ideias do que deveria ser feito, como balanço, gangorra e escorregador, todos com materiais que passaram a chegar de diversas partes da cidade. Como é funcionário de uma empresa, o pintor sabia que precisaria de tempo para concluir o projeto e, para isso, até cogitou deixar o emprego. “Na minha cabeça só pensava em dar logo esse parquinho para as crianças, aí Deus entrou no meio e tocou o coração do patrão, que me permitiu terminar a obra e me manteve empregado até doando boa parte dos materiais que aqui estão”, contou.
Com a boa ação, o até então anônimo pintor se tornou um influenciador para diversas pessoas. Isso porque, após a construção do parquinho, o lixo parou de ser despejado à beira da linha férrea, levando doenças e animais peçonhentos para as residências. “Que toda a honra e toda a glória sejam dadas ao senhor Pai e Deus, pois foi Ele quem me deu força para continuar a fazer isso aqui. Penso que as autoridades deveriam olhar com mais carinho para as comunidades periféricas da cidade, pois nestes locais também há crianças carentes de lazer e boa qualidade de vida. Ao invés de me estressar apenas cobrando, pensei que poderia me alegrar, gerando alegria para nossas crianças. Fiz um bem pra eles, mas hoje percebo que fiz um bem maior para mim mesmo. Estou feliz por Deus ter me dado essa luz de plantar a alegria e o amor, pois assim estou colhendo”, afirmou Bolacha.