*Por Irlando Oliveira
Temos acompanhado, através dos vários grupos de "WhatsApp" que participamos, as inúmeras ações policiais-militares postadas pelos integrantes das Unidades Operacionais da Briosa Polícia Militar da Bahia, postagens essas conduzidas às vezes até em detrimento de um requisito essencial da atividade policial: segurança, considerando o fato de o registro fotográfico ser feito por componente da própria guarnição PM. É evidente o empenho de todas essas Unidades, quer na capital, quer no interior do Estado. Contudo, paradoxalmente, isso não tem sido suficiente para fazer frente à criminalidade infrene que grassa e medra no Estado berço do Brasil.
No último dia 22 de abril, empós a data em que se comemora o dia do Patrono das Polícias Militares do Brasil - O Tiradentes -, em pleno "feriadão", ficamos um tanto perplexos com o que sucedeu na cidade de Barrreiras, extremo Oeste baiano, 900 Km da capital. Na madrugada, inúmeros assaltantes isolaram alguns quarteirões da cidade, por ocasião da investida que fizeram contra a empresa de segurança Prosegur, havendo, inclusive, troca de tiros contra a PM local. O que nos causou espanto foi o fato de aquela cidade dispor de uma razoável estrutura de defesa social, voltada à Segurança Pública, e, ainda assim, foi alvo de tal ação criminosa.
Sabemos, perfeitamente, que a impunidade tem seus cruéis reflexos em qualquer sociedade, concorrendo para o substancial aumento dos delitos. Aliado a isso, percebe-se que os criminosos estão desafiando aqueles que mourejam na seara da Segurança Pública, investindo contra as forças policiais, destemidamente, numa intrepidez sem precedentes, exigindo, cada vez mais, posturas de inteligência e reativas da ação policial, de modo a fazer frente ao combate beligerante incessante.
As forças policiais no país têm perdido inúmeros servidores, pelos vários motivos - reservas (aposentadorias), reformas, demissões, baixas outras -, sem a devida reposição, alegando sempre os governantes o problema do contingenciamento de recursos, dentre outros, esquecendo-se - ao que parece - que a população tem crescido vertiginosamente, juntamente com o crime, o qual tem recrudescido.
Desta forma, não bastam - pelo visto - as inúmeras operações desencadeadas pelas Unidades PM, divulgadas através das postagens que pululam nos grupos do "WhatsApp" que acompanhamos. Temos, afinal, sim, que, além de todas essas ações, pugnar pelo aumento das hostes que compõem as Corporações, permitindo uma maior e melhor pulverização da ação policial-militar, como forma de marcarmos a nossa presença principalmente nos inúmeros locais que consideramos como pontos sensíveis/críticos - os quais têm aumentado, sobremaneira, em razão da gritante desigualdade social -, a fim de inibir a ação delituosa e termos êxito na nossa missão.
* Irlando Lino Magalhães Oliveira é Oficial da Polícia Militar da Bahia, no posto de Major do QOPM, atual Comandante da 46ª CIPM/Livramento de Nossa Senhora, Aspirante a Oficial da Turma de 1986, tendo ingressado nas fileiras da Corporação no ano de 1984. Possui especialização em Gestão da Segurança Pública, pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB); Direitos Humanos, pela Faculdade Dois de Julho; e Programa de Desenvolvimento Gerencial Integrado (PDGI), na área de Gestão de Segurança Pública, pela UNEB e Fundação de Administração e Pesquisa Econômico-Social (FAPES). É autor do Projeto Ações Preventivas nas Escolas e Comunidades (Proapec), tendo proferido mais de 150 (cento e cinquenta) palestras no Oeste e Sudoeste baiano, abordando temas sobre Segurança Pública, Violência em Meio Escolar, Segurança nas Escolas, Drogas, dentre outros.