Um dos conselheiros federais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) contrários ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) – apoiado pela entidade, que ainda apresentou outro pedido à Câmara –, o brumadense Maurício Vasconcelos explicou, em entrevista ao Bahia.ba, o porquê do seu posicionamento. Apesar de ser contrário ao impedimento da mandatária, o criminalista refuta a principal tese propagada pelo governo e seus aliados. “Eu não faço esse discurso de que o impeachment seja golpe. […] Eu não estou preocupado com Dilma Rousseff, eu estou preocupado com o futuro da nossa democracia e com os presidentes que irão sucedê-la. Porque toda vez que estivermos desgostosos com um governo e formos apelar para o impeachment, irá se criar um ambiente de instabilidade institucional sem limites. Como também me preocupo com essa onda conservadora e punitiva que está tomando conta do Brasil, ao ponto de entender que vulnerar os preceitos fundamentais da Constituição seja legítimo para alcançar determinados fins”, argumentou.
No entendimento do representante da OAB, não há também precedentes para um golpe militar, como ocorrido em 1964. “Não creio, visto que o ambiente é totalmente diferente, a começar pelos canais de informação vigentes, que são completamente diferentes daquele tempo. Em segundo lugar, o Brasil não pode estar dissociado dos compromissos internacionais que ele firmou, como por exemplo a causa democrática do Mercosul, entre outros organismos internacionais. Outro ponto é que não acho que os militares estejam tão articulados assim”, disse. Vasconcelos critica ainda a Operação Lava Jato, por achar que o Ministério Público tem “exagerado” e a Justiça Federal utilizado as prisões cautelares “como mecanismo de obtenção de provas”. Mesmo assim, ele pontua que, se Dilma escapar da impugnação, terá que “deixar as mágoas e ressentimentos de lado” e não “acentuar essa divisão já estabelecida no país. “Em outro país, nós já estaríamos no meio de uma guerra civil”, alerta. (Clique aqui e veja a entrevista completa).