Os agentes de endemias do município de Brumado estão impossibilitados de exterminar o aedes-aegypti, pois a última remessa do larvicida enviada pelo governo do estado já acabou e não deu conta de cobrir toda a cidade. A coordenação do setor de endemias na Vigilância Epidemiológica (Vigep) relatou ao site Brumado Notícias que a cota do larvicida do município foi bruscamente reduzida pelo Ministério da Saúde de 30 kg para 10 kg, o que não chega a cobrir nem 20% dos imóveis da cidade. A secretaria municipal de saúde informou a nossa reportagem que o governo federal baseou seus cálculos em dados do IBGE, que registra mais de 25 mil imóveis no município e cada imóvel com apenas um reservatório de 1000L. “Um cálculo equivocado, pois nossa cidade convive com a seca e com isso a maioria dos lares conta com vários reservatórios que podem chegar até 10 mil litros”, explicou a Sesau. Diante disso, cresce a cada semana as notificações suspeitas de pessoas infectadas com o vírus Zika na cidade. A semana começou com o relatório de 465 notificações suspeitas, mas um novo levantamento já foi iniciado e a estimativa é de que nos próximos dias os números passem de 600 notificações.
A Vigep reconhece que os números, mesmo elevados, não refletem a realidade dos casos em Brumado, tendo em vista que, segundo levantamento dos próprios agentes de saúde e de endemias, centenas de pessoas que contraíram a doença preferem se automedicar em casa ao invés de procurar uma unidade de saúde; outra parcela busca atendimento na rede particular e também não entra no controle da Vigep. Esses são classificados como subnotificações, que só na sede do município corresponde a 40% dos casos. A coordenação da Vigep tem preocupação ainda maior com as famílias nas mais de 250 comunidades rurais, que há mais de um ano estão sem a cobertura dos agentes de endemias e não há previsão de supervisão nessas localidades. “Estamos caminhando para uma grave epidemia, mas não podemos ficar procurando um culpado, pois todos nós somos responsáveis por nossos reservatórios e cada um de nós tem essa missão de combater o mosquito. Mesmo que o município não esteja recebendo sua cota normal de larvicida, precisamos arregaçar as mangas e tomarmos todas as medidas para manter o mosquito longe de nossas casas”, disse o secretário de saúde, Cláudio Feres.