Uma reportagem especial publicada no jornal O Estado de São Paulo mostrou que poços usados por famílias da cidade de Lagoa Real estão contaminados por urânio, metal que é extraído pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB) na região. Na reportagem, a situação da família do senhor Osvaldo Antônio de Jesus é mostrada. Ele possui em seu sítio uma perfuração com 90 metros de profundidade, de onde retira a água para uso diário. A utilização só foi interrompida há uma semana, quando foi comprovado o teor de radioatividade acima do permitido. Provas coletadas pelo jornal paulista comprovam que há, de fato, contaminação. Por um mês, a reportagem reuniu documentos oficiais, laudos técnicos e despachos envolvendo as atividades de extração de urânio na região e o monitoramento da água usada pela população. Os documentos atestam que, desde o ano passado, a INB já havia detectado a existência de água com alto teor de urânio em um poço em Lagoa Real.
A estatal, no entanto, não comunicou a prefeitura local sobre a situação, ou mesmo a família, o que só viria a ocorrer em maio deste ano, sete meses depois da coleta da água. Os laudos técnicos da INB apontam que a estatal realizou duas inspeções na água consumida pela família de Osvaldo. Na primeira coleta, feita em outubro de 2014, encontrou uma quantidade de urânio mais de quatro vezes superior ao limite permitido para o consumo humano. Em março deste ano, a INB resolveu fazer uma segunda checagem no poço. Novamente, encontrou material radioativo, dessa vez em quantidade mais de três vezes acima do permitido. Os resultados desses dois laudos, porém, só foram emitidos em 22 de maio, quando chegaram à prefeitura de Lagoa Real. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente lacrou o poço por considerar a água imprópria para consumo. A Cerb, que foi acusada pela prefeitura de Lagoa Real de ter aberto o poço sem autorização da gestão municipal, não se pronunciou.